Assim falou Zaratustra

Assim falou Zaratustra é a obra-prima do filósofo Friedrich Nietzsche (1844-1900). O livro está dividido em quatro partes e foi escrito de 1883 a 1885. Trata-se da história do arauto do além do homem, Zaratustra, seguindo as suas andanças e os seus ensinamentos. É o meu livro favorito.

Tudo sobre Nietzsche em http://historiauniversal.forumeiros.com/f16-nietzsche

"O homem deve ser superado. Que fizestes para o superar? Até agora todos os seres têm apresentado alguma coisa superior a si mesmos; e vós, quereis o refluxo desse grande fluxo, preferis tornar ao animal, em vez de superar o homem. Que é o macaco para o homem? Uma irrisão ou uma dolorosa vergonha. Pois é o mesmo que deve ser o homem para o além do homem: uma irrisão ou uma dolorosa vergonha.

Percorrestes o caminho que medeia do verme ao homem, e ainda em vós resta muito do verme. Noutro tempo fostes macaco, e hoje o homem é ainda mais macaco do que todos os macacos. Mesmo o mais sábio de todos vós não passa de uma mistura híbrida de planta e de fantasma. Acaso vos disse eu que vos torneis planta ou fantasma?

Eu anuncio-vos o além do homem! O além do homem é o sentido da Terra. Diga a vossa vontade: seja o além do homem o sentido da Terra."

Uma vez começei a ler esse livro mas não percebi nada, abandonei a leitura logo nas primeiras páginas. Mas gostei do vídeo, não percebi muito porque está em espanhol, mas as imagens são muito bonitas...

Para compreenderes este livro precisas primeiro de conhecer a obra de Nietzsche a fundo. Recomendo que compres todos os seus livros, como eu fiz, ou que pelo menos os leias numa biblioteca. Depois de os teres lido, aí podes passar a Assim falou Zaratustra que terás um melhor entendimento.

As imagens do vídeo (imagens da única realidade que existe) resumem a filosofia de Nietzsche. Após a morte de Deus e de toda a restante metafísica platónica, ao homem só lhe resta viver segundo o sentido da terra: o perpétuo devir regido pela vontade de potência. O super-homem (ou além do homem) de Nietzsche é aquele que ama o orgânico e o suporta sem precisar dos instrumentos imaginários dos sacerdotes para viver. Para o super-homem o «mundo aparente» de Platão é a única realidade.

Na minha adolescência tinhamos um grupo onde fazíamos vastos estudos de Nietzsche.
Liamos algum trecho de algum livro dele, e depois debatíamos.

Nossas discussões eram geralmente regadas a vinho

Nietzsche sempre foi contra o consumo de álcool. Essa era uma das razões porque ele não gostava dos alemães, especialmente os de Munique.

Segundo Nietzsche, o consumo de álcool corrompe a percepção. Eu concordo com ele: para termos um organismo e intelecto (e o intelecto faz parte do organismo) saudável é preciso uma abstenção desse vício.

Eu não bebo álcool nem sumos, só bebo água. Vejo muitos jovens adolescentes nas suas saídas à noite a beberem até cair para o lado, e fazem disso uma coisa «boa». Ora, isso não é nada bom, porque é preciso que se diga: aqueles que bebem álcool em excesso são aqueles que não suportam a existência. O álcool leva à decadência, torna as pessoas incapazes de enfrentarem de frente a realidade.

Em Ecce Homo (Introdução, 4), Nietzsche escreve o seguinte sobre este livro:

"Entre os meus escritos, Zaratustra vive por si. Outorguei com ele à humanidade o maior dom que esta recebeu, fosse de quem fosse. Este livro, cuja voz se eleva por cima dos séculos, não é apenas o maior livro que existe, o verdadeiro livro da atmosfera das alturas - todo o humano se encontra muitíssimo abaixo dele -; é também o mais profundo, nascido de uma interior riqueza de verdade, poço inesgotável em que nenhum alcatruz desce sem voltar à superfície repleto de ouro e de bondade. Quem aqui fala não é um «profeta», um daqueles horríveis híbridos da carência e da vontade de poder que têm o nome de fundadores de religiões. Antes de mais nada, cabe ouvir exatamente a voz que sai desta boca, voz alciónica, para não ofender impiedosamente o sentido da sua sabedoria.

"São as palavras mais suaves que levantam tempestades; os pensamentos que fazem caminho a passo de pomba dirigem o mundo".

"Os figos caem das árvores, são bons e doces: ao caírem rasga-se-lhes a pele rosada. Sou para os figos maduros o vento Norte".

"Assim, semelhantes aos figos, caem entre vós, amigos, as minhas palavras sábias; bebei sua doçura, nutri-vos da sua doce polpa! Reinam em volta de mim o Outono e o céu puro e meridiano".

Aqui não fala um fanático, não se «predica», nem se pede fé: de uma infinita plenitude de luz, uma profunda felicidade cai, gota a gota, palavra a palavra: o ritmo deste discorrer é o da suave lentidão. Tais coisas só acontecem aos eleitos: é privilégio sem igual ser ouvinte aqui. E a quantos é dado ter ouvidos para Zaratustra? Apesar de tudo, não é acaso Zaratustra um sedutor? Que diz ele quando regressa à sua solidão? Exatamente o contrário do que em situação análoga diriam um «sábio», um «santo», um «salvador do mundo» e mais decadentes... Não só fala de outro modo, é outro...

Agora vou sozinho. Oh! Meus discípulos! Também vós ides sozinhos! Assim o quero.

Afastai-vos de mim e acautelai-vos de Zaratustra! Mais ainda; envergonhai-vos dele! Talvez vos haja enganado.

O homem que busca o conhecimento não só deve amar os seus inimigos, mas deve também poder odiar os seus amigos. Recompensa mal um mestre quem se contenta de ser discípulo. E porque não ousais destroçar a minha grinalda?

Venerais-me. Pois bem, que aconteceria se um dia a vossa veneração sucumbisse? Tende cuidado, não vos esmague uma coluna do templo!

Dizeis que acreditais em Zaratustra? Mas que importa Zaratustra? Sois meus crentes? Mas que importam todos os crentes?

Porque não vos tínheis procurado a vós próprios, me encontrastes. Assim fazem todos os crentes: por isso qualquer fé vale tão pouco.

Agora, vos digo, se me perderdes a mim, encontrar-vos-ei a vós, e só quando todos me tiverdes renegado, voltarei, surgindo entre vós..."

Não conheço a obra de Nietzsche, embora já tenha ouvido falar muito dele. E por acaso fiquei curioso com a obra dele. A ver se compro algum livro dele para lêr.

Em relação ao consumo de alcool eu penso que não é um acto assim tão condenável. O problema é que há dois tipos de pessoa: os que bebem para esquecer e para se libertar, e os que bebem por convivio e por gosto. Ora os jovens adolescentes de agora, bebem na maioria dos casos, para se libertarem e para mostrarem aos "amigos" que conseguem se divertir e que são "os maiores". Ora eu ainda à meses atrás, uma colega de turma a dizer "como é que se conseguem divertir sem estás bebados? eu não consigo". Ora só este comentário diz tudo. esse consumo de alcool excessivo é algo condenável para mim. No meu caso, eu bebo sim, mas por puro hedonismo, não sou apreciador das bebidas dos jovens, vodka, shots etc. Mas sim gosto de beber a "bebida de velho" como todos os jovens lhe chama, o whisky. Ora eu gosto muito de estar a janela a noite, a desfrutar de um cigarro ou cigarrilha, e a beber um pouco de whisky, é algo que me dá prazer fazer. Bebo um pouco de whisky aí 1 ou 2 vezes por semana, nunca fui de exagerar nos vicios. Em relação ao tabaco, só 1 ou 2 pessoas sabemq eu fumo, é algo que eu faço porque gosto e não para me mostrar aos outros. Quando tomei a decisao de começar a fomar de vez em quando, impus uma regra a mim próprio, não mais que um cigarro por dia. et voilá, o tabaco, há dias que não fumo. e outros em que so fumo 1 cigarro. É algo que faço porque gosto, e o meu Hedonismo. Acho que todos nós devemos fazer aquilo que nos dá prazer mas de uma forma equilibrada e com regras. É essa ultima parte das regras e equilibrio que falta aos adolescentes de hoje em dia

newton45 escreveu:Não conheço a obra de Nietzsche, embora já tenha ouvido falar muito dele. E por acaso fiquei curioso com a obra dele. A ver se compro algum livro dele para lêr.

Em Ecce Homo, Nietzsche recomenda aos iniciantes na sua filosofia o Crepúsculo dos Ídolos. Escreveu Nietzsche: "Se se pretende formar rapidamente ideia de como até mim tudo estava de pernas para o ar, deve começar-se por ler esta obra". Mas para primeiro livro, A Gaia Ciência também é muito bom.

Na Internet, o Especial Nietzsche é a melhor opção.

Carlos Costa escreveu:
Em Ecce Homo, Nietzsche recomenda aos iniciantes na sua filosofia o Crepúsculo dos Ídolos. Escreveu Nietzsche: "Se se pretende formar rapidamente ideia de como até mim tudo estava de pernas para o ar, deve começar-se por ler esta obra". Mas para primeiro livro, A Gaia Ciência também é muito bom.

Na Internet, o Especial Nietzsche é a melhor opção.

obrigado pela dica

"O Budismo é cem vezes mais realista que o Cristianismo. Tem em si a herança de saber formular os problemas de modo objetivo e frio. Surge após séculos de atividade filosófica. Não luta contra o pecado, luta contra o sofrimento. Deixa já atrás de si o autoengano dos conceitos morais. Situa-se, para falar na minha linguagem, além do Bem e Mal."

Vídeo em homenagem ao mestre Friedrich Nietzsche.

"Sozinho vou agora, meus discípulos! Também vós ide embora, e sozinhos! Assim desejo eu."

Deixo aqui os links para dois artigos que escrevi sobre temas importantes de Nietzsche: A Grande Saúde e o Ressentimento. Servem como uma boa introdução à filosofia do "pai" de Zaratustra...

- A Grande Saúde
- Ressentimento em Nietzsche