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E se o CERN fizesse um buraco negro que engolisse Genebra, a Suíça e toda a Terra?

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Mensagem por Jone 14th abril 2008, 23:54

O LHC, o maior acelerador de partículas do mundo, deverá entrar em funcionamento em Genebra ainda este ano. Mas do outro lado do mundo, no Havai, foi apresentada uma queixa para impedir que isso aconteça, alegando que aquela cidade suíça e mesmo a Terra poderiam ser aniquiladas! Haverá razão para sustos? Por Ana Gerschenfeld


Quase que sentimos pena do juiz que ficou encarregado do estranho caso. Com certeza que Kevin Chang nunca imaginou que iria ter de penetrar nos meandros da Física de Partículas para cumprir a sua missão de julgar com equidade. Mas é isso que irá provavelmente acontecer quando, a 16 de Junho, se reunirem no seu Tribunal de Honolulu, no Havai, as partes envolvidas no processo CV08000136, Luis Sancho et al vs. US Department of Energy et al., decorrente de uma queixa apresentada em 21 de Março e que tem uma das áreas mais exóticas da Física como protagonista.
Será a primeira reunião perante o juiz dos queixosos Luis Sancho e Walter Wagner (este último residente no Havai) - e, do lado oposto, três instituições de peso: o Departamento da Energia dos EUA, o Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab) e a National Science Foundation norte-americana.
O quarto e principal visado, porém, faltará sem dúvida à reunião: ao contrário do que acontece com as outras entidades, todas elas norte-americanas e que já foram intimadas a comparecer, não há maneira de obrigar o Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN) de Genebra a estar presente. Fica noutro país, noutro continente, fora da jurisdição do tribunal havaiano.
O que motivou esta reunião preliminar foram as alegações, por parte dos dois queixosos, de que a entrada em funcionamento, dentro de uns meses, do Large Hadron Collider, ou LHC - o maior acelerador de partículas do mundo - construído pelo CERN nos arredores de Genebra, na Suíça, é uma máquina infernal que pode provocar uma catástrofe cósmica sem precedentes e arrastar consigo o mundo para o nada. Lê-se no texto da queixa que se solicita que, numa primeira fase, "seja emitida uma providência cautelar temporária que impeça os réus de fazerem funcionar o LHC ou de continuar a preparar o LHC para a sua entrada em funcionamento durante quatro meses". Deverão então ser realizados e escrutinados os devidos estudos de segurança do LHC que permitam mostrar a conformidade do LHC com as normas de segurança da indústria. Só nestas condições é que o acelerador deverá obter luz verde para começar a esmagar protões, lançados quase à velocidade da luz, no seu túnel subterrâneo de 27 quilómetros de circunferência, que atravessa a fronteira franco-suíça.
A partícula de Deus
Os olhos de todos os físicos do mundo estão postos no LHC, em construção nos arredores de Genebra há 14 anos por um custo que ronda os cinco mil milhões de euros. Nesta supermáquina irão ser atingidas energias nunca vistas noutros dispositivos e que permitirão recriar as condições dos primórdios do universo. Tal como acontece quando dois carros chocam, da colisão espectacularmente energética dos protões deverão saltar "peças" soltas de todo o tipo. E o que se espera sobretudo é que uma delas seja a que falta para completar a melhor teoria que temos hoje para descrever as partículas que compõem a matéria e as forças que se exercem entre elas: o chamado Modelo Standard (ou Padrão). A partícula hipotética em questão é o bosão de Higgs, que é também conhecida como "partícula de Deus" (sinal da carga afectiva depositada na sua existência...).
Voltando aos autores da queixa: Walter Wagner e Luis Sancho auto-proclamam-se, perante o tribunal, respectivamente, "físico nuclear com grande experiência na matéria" e "cientista de sistemas especializado em Cosmologia e Teoria do Tempo". E Luis Sancho, que é espanhol e estudou em Barcelona, diz mesmo ser "uma autoridade no campo da Teoria do Tempo, tendo escrito uma série de livros de Cosmologia e Relatividade."
Wagner, quanto a ele, não é um estreante neste tipo de cruzada. No fim dos anos 1990 tentou impedir a entrada em funcionamento de um outro acelerador: o Relativistic Heavy Ion Collider, do Laboratório de Brookhaven, no estado de Nova Iorque. O caso acabou por ser arquivado em 2001 e o acelerador tem funcionado sem incidentes desde 2000.
Os medos dos queixosos
Mas do que têm medo estes dois homens? Receiam que o LHC venha a criar microburacos negros e partículas estranhas que possam ameaçar a integridade do planeta. Citando a queixa: "A compressão de dois átomos que colidem quase à velocidade da luz [pode] provocar uma implosão irreversível, formando uma versão miniatura dos buracos negros gigantes, que são o que resta do colapso de uma estrela. (...) Toda a Terra acabaria por cair para dentro do microburaco negro em crescimento, convertendo-se num buraco negro de tamanho médio, à volta do qual continuariam a orbitar a Lua, os satélites, a Estação Espacial Internacional, etc." Diga-se de passagem que não se percebe bem por que é que a ISS, por exemplo, que de vez em quando precisa de recorrer aos motores de uma nave acoplada para retomar altitude devido à atracção gravitacional da Terra, iria resistir à atracção de um buraco negro... E, já agora, por que é que o processo de crescimento não iria continuar, dando origem a um buraco negro ainda maior, que engoliria o sistema solar? A queixa é omissa nesse sentido.
Um outro cenário de pesadelo seria o da geração de partículas, chamadas strangelets, que poderão vir a ser geradas no LHC a partir da recombinação de quarks top, down e strange (componentes dos núcleos atómicos). Estas partículas "fundir-se-iam com a matéria normal, convertendo-a num strangelet ainda maior. Isto daria origem a uma reacção de fusão desenfreada, que acabaria por transformar a Terra toda num único e gigantesco strangelet." Por último, o LHC poderia dar origem a ainda outros objectos hipotéticos, chamados "monopólos magnéticos", cujos efeitos seriam igualmente cataclísmicos.
Explica o CERN na sua página na Web: "Os aceleradores [de partículas] recriam o fenómeno dos raios cósmicos em condições controladas de laboratório. [...] Os raios cósmicos viajam no universo e têm constantemente bombardeado a atmosfera terrestre desde a sua formação, há 4500 milhões de anos. Apesar da potência impressionante do LHC, (...) as energias produzidas nas suas colisões são muito mais pequenas do que nos raios cósmicos. Uma vez que as colisões naturais de partículas de muito maior energia não têm danificado a Terra, não há razões para pensar que os fenómenos produzidos pelo LHC o possam fazer."
De resto, o laboratório onde está agora a ser finalizado o LHC tem levado em consideração as questões de segurança. Em 2003, um grupo de peritos que não trabalham no LHC - o Grupo de Avaliação da Segurança do LHC, ou LSAG - foi reunido pelo CERN para se debruçar precisamente sobre os três hipotéticos perigos evocados na queixa, tendo publicado um relatório intitulado Estudo dos Acontecimentos Potencialmente Perigosos durante as Colisões de Iões Pesados no LHC. Extrapolando a partir de um outro estudo, realizado no já referido acelerador de Brookhaven, nos EUA, e publicado em 1999, o grupo concluía que o LHC era seguro: "Não identificámos qualquer indício de qualquer ameaça que se possa imaginar".
Os objectos que forem produzidos no LHC nunca terão a estabilidade nem a energia suficientes para representar uma ameaça. Por exemplo, se surgir um microburaco negro - o que já poderá ter acontecido em 2005 em Brookhaven, nas colisões de núcleos de ouro -, será demasiado fugaz e a sua força gravitacional demasiado fraca para sugar seja o que for e começar a crescer descontroladamente. Mas Wagner e Sancho não ficaram convencidos.
Mais recentemente, o CERN encomendou uma nova análise ao LSAG. Os resultados deveriam ter sido publicados já em Janeiro de 2008, mas ainda não o foram. Será que o atraso se deve à queixa entretanto apresentada? "Existe um ligeiro mal-entendido acerca da natureza do relatório que está a ser produzido pelo CERN", disse ao P2 James Gillies, porta-voz do CERN. "Trata-se de algo que está em preparação há já algum tempo e não de uma resposta às alegações feitas na queixa apresentada no Havai." E acrescenta: "O relatório actual é uma nova versão do de 2003 e está a ser escrito numa linguagem acessível aos leigos. É uma actualização daquele relatório, à luz dos mais recentes dados de observação e experimentais, que reforça o facto de que o LHC é seguro. O novo relatório será publicado nos próximos dois meses."
Quanto às consequências que poderiam advir se o juiz de Honolulu desse seguimento à queixa, diz Gillies: "O CERN cumpriu todos os requisitos de segurança e legais dos seus Estados-anfitriões e não percebemos como poderia ser sujeito à jurisdição de um tribunal havaiano".
A situação não é tão simples para os outros parceiros do CERN visados na acção jurídica. Será que o funcionamento do LHC poderia ser efectivamente prejudicado, por exemplo, por uma proibição de colaborar que fosse imposta ao Fermilab? Isso também parece pouco provável: "Os contributos do Fermilab para o LHC já foram entregues e encontram-se instalados no CERN", disse ao P2 Katie Yurkewicz, porta-voz daquela instituição. "O mesmo é válido para os contributos do Fermilab para o CMS [um dos grandes detectores de partículas do LHC]".

artigo do jornal "O Publico"

Jone
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Mensagem por Carlos Costa 15th abril 2008, 17:09

Jone escreveu:O LHC, o maior acelerador de partículas do mundo, deverá entrar em funcionamento em Genebra ainda este ano. Mas do outro lado do mundo, no Havai, foi apresentada uma queixa para impedir que isso aconteça, alegando que aquela cidade suíça e mesmo a Terra poderiam ser aniquiladas! Haverá razão para sustos?
Creio que não haverá esse perigo, porque lá trabalham físicos profissionais que sabem o que fazem. Todas as colisões estão controladas. Wink

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Mensagem por Jone 16th abril 2008, 00:51

eu tb não acredito no perigo que os dois "queixosos" temem.
apenas achei curioso e decidi postar Very Happy

Jone
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Mensagem por Carlos Costa 16th abril 2008, 00:56

Jone escreveu:eu tb não acredito no perigo que os dois "queixosos" temem.
apenas achei curioso e decidi postar Very Happy
Sim claro. E é um tópico interessante que colocaste aqui, porque muitas pessoas não compreendem que os físicos sabem o que fazem em aceleradores de partículas. Wink
Todas as colisões são matematicamente exploradas antes de ocorrerem. Os físicos que trabalham em aceleradores sabem quanta energia vai ser criada nas colisões e sabem como evitar a criação de buracos negros ou outros perigos para o nosso planeta. Todas as operações são simuladas antes de verdadeiramente ocorrerem. Wink

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Mensagem por Safra 21st abril 2008, 00:20

O Medo gera um resultado positivo nesse caso, pois causa uma exigência na segurança e trasparência nos experimentos. Para que algo dessa magnitude seja autorizado, é necessário uma enorme análise de riscos.

Bom, mas caso ocorra, morrerei feliz em um buraco negro. affraid

Imaginem que paisagem eu teria durante alguns segundos. cheers
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Mensagem por Carlos Costa 21st abril 2008, 02:13

Safra2008 escreveu:Para que algo dessa magnitude seja autorizado, é necessário uma enorme análise de riscos.
Nem mais... Wink
Pode sempre acontecer algo improvável, mas é difícil que ocorra, porque tudo está matematicamente explorado.

Para quem não saiba, as colisões entre partículas, nos aceleradores, acontecem a todos os segundos e aos milhões. São milhões de colisões por segundo, que são exploradas e depois tratadas por super-computadores e chapas fotográficas. Wink

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