Cooperação ibérica em nanotecnologia pode estender-se até ao sul de França

A possibilidade de estender a centros do sul de França a cooperação entre as Redes de Nanotecnologia de Portugal e Espanha é um dos temas da Conferência NanoIbérica que hoje começou em Braga, disse à Lusa um dos organizadores.


Segundo António Correa, da associação "NanoSpain", a cooperação oficial existente entre França e Espanha no domínio das nano-ciências e das nano-tecnologias, que envolve a deslocação de cientistas e o desenvolvimento de projectos "pode ser alargada a Portugal".

"Tal pode ser feito, quer através, numa primeira fase, de acordos bilaterais com França, quer numa lógica tripartida, criando uma rede do sul da Europa", salientou.

A associação espanhola e a sua congénere "PortugalNano" organizam em conjunto os seus encontros PortugalNano Workshop'08 e NanoSpain 2008, em Braga, nos hotéis do Bom Jeus, entre hoje e sexta-feira. Na iniciativa participam 350 cientistas - uma parte deles, ainda estudante - maioritariamente portugueses, espanhóis e franceses, mas também oriundos da Roménia, Alemanha, Estados Unidos da América, Reino Unido, Brasil, Holanda, Japão e Venezuela.

António Correa salientou que, tendo em vista o lançamento em Braga do INL - Instituto Ibérico de Nanotecnologias, "os centros de investigação de ambos os países, estão já a desenvolver projectos comuns, nomeadamente os que podem ter aplicação prática em diversas áreas".

Frisando que todos eles estão já a cooperar com os centros portugueses, assinalou: "Em Espanha temos cinco centros de investigação, um no País Basco, dois na Catalunha, um em Madrid e dois em Múrcia, estes últimos voltados para as nano-biotecnologias". Realçou que em Espanha, de há seis anos a esta parte, se tem investido no estudo das nanociências, "dado que nelas reside o progresso científico e tecnológico".

Disse também que o processo de reforço dos contactos entre investigadores e a discussão dos desenvolvimentos mais recentes em nanociência e nanotecnologia nos dois países facilitará o lançamento do Instituto Ibérico em Braga: "Além dos que o INL pode recrutar directamente, há a possibilidade de os cientistas fazerem estadias de trabalho em Braga, e o conhecimento mútuo facilita esses processos.

O cientista espanhol sublinha que a nanotecnologia lida com objectos da dimensão de nanómetros, ou seja, cerca de 100 mil vezes mais pequenos do que a espessura de um cabelo humano. "Pode ser vista como sendo a Engenharia à escala atómica e molecular, tendo capacidade para influenciar praticamente todos os sectores tecnológicos e assim mudar profundamente a economia", acentuou.

Lembrou que tem aplicações práticas diversas, nomeadamente nos aparelhos electrónicos como os mp3's, os televisores, etc, ou ainda, na medicina: "Hoje há estudos práticos que permitem levar um nanofarmáco a um determinado órgão do corpo humano, instalando-o lá, para curar uma doença", referiu.

Instalado em Braga, o INL (Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia) é a primeira e até agora a única organização de investigação científica na área da nanociência e nanotecnologia com um estatuto jurídico completamente internacional. Foi criado por iniciativa conjunta de Espanha e Portugal e teve a sua cerimónia de fundação na XXIII Cimeira Luso-Espanhola, realizada em Janeiro de 208.

Desenvolverá uma política científica e recrutará os seus investigadores com nível e âmbito mundiais, estando aberto, no futuro, à participação de outros países da Europa e de outros continentes. Em Março deste ano foi lançada a primeira Empreitada de Construção do INL.

É uma ocorrência positiva, além de unir vários países em um propósito maior além dos seus, abre novas oportunidades no campo da nanotecnologia.

Sem dúvida um evento importante.