Blob, a criatura sem cérebro expert em resolver problemas
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Blob, a criatura sem cérebro expert em resolver problemas
O "blob" não para de surpreender os cientistas por sua alta capacidade resolutiva e de adaptação às dificuldades.
Não tem cérebro, mas há cientistas que se perguntam se pode ser mais inteligente do que nós.
Esta criatura amarela de aparência viscosa, também conhecida como Physarum polycephalum, pode ser útil na tomada de decisões sobre questões tão diferentes quanto o uso de recursos naturais, política de imigração ou até mesmo as medidas antidrogas de um país.
Neste vídeo, nossa repórter Nathalia Passarinho fala sobre os "poderes" do incrível "blob".
Que tal começarmos com um teste rápido.
Você está perdido em uma enorme loja que parece um labirinto e não sabe como sair dela. A quem você pede ajuda?
Pergunta 2: Você está redigindo um documento de política para assessorar o governo dos Estados Unidos sobre como governar suas fronteiras nacionais. Onde você procura conselhos?
Última pergunta: Você precisa desenhar um mapa da teia cósmica, como você faz isso?
'Blob': a extraordinária criatura que nos obriga a questionar se somos a espécie mais inteligente
Becky Ripley e Emily Knight
BBC, série NatureBang *
31 agosto 2022

Existem, é claro, várias respostas para essas perguntas, mas em todos os casos você poderia ser inspirado por um organismo: o bolor limoso, que também pode ser conhecido por muitos nomes diferentes.
Sendo cientificamente preciso ele não é exatamente um bolor...
"O bolor é uma divisão do mundo dos fungos, mas o bolor limoso é na verdade um protista (não é um animal, planta ou fungo) - é essencialmente uma célula gigante", diz o biólogo Merlin Sheldrake, autor do livro Entangled Life, que aborda o tema.
O bolor limoso é um plasmódio, ou seja, uma célula que contém muitos núcleos. Então, ao contrário da maioria dos organismos unicelulares, você não precisa de um microscópio para vê-lo.
E essa única célula é capaz de tecer vastas redes exploratórias feitas de tentáculos semelhantes a veias que podem se estender até um metro.
A estrela entre todos
Existem cerca de 900 espécies de bolor limoso, mas vamos nos concentrar no Physarum Polycephalum, que literalmente quer dizer "bolor de várias cabeças". Ele também é conhecido como "blob" (referindo-se ao clássico filme de 1958 The Blob).

Clássico filme The Blob serviu de inspiração para nomear popularmente o bolor limoso
Por que os cientistas do mundo estão tão empolgados com essa espécie em particular?
"Ele se tornou um organismo emblemático de resolução de problemas. É fácil de cultivar e cresce rápido, o que é uma das razões pelas quais tem sido tão bem estudado", explica Sheldrake.
"Mas acima de tudo, seus comportamentos são extraordinários."
Ele pode fazer todos os tipos de coisas.
"Explorar, resolver problemas, adaptar-se a novas situações, tomar decisões entre cursos alternativos de ação - e tudo sem cérebro!"
Como ele faz isso?
"O Physarum é sensível ao gradiente químico, então pode crescer em direção a sinais químicos ou ficar longe dos pouco atraentes".
"Primeiro, ele tende a crescer em todas as direções ao mesmo tempo. E então, quando encontra comida, ele se retrai e forma as conexões entre suas fontes de alimento."
É um pouco como se você estivesse no deserto e precisasse procurar água. Você tem que escolher apenas uma direção para caminhar.
O Physarum Polycephalum pode "andar" em todas as direções ao mesmo tempo até encontrar alimentos; depois encolhe os ramos que não encontraram nada e fortalece os que encontraram, através de uma série de contrações químicas.

Em um experimento memorável, "blob" aprendeu a "ignorar" os químicos colocados para bloquear seu caminho para a comida. Esse comportamento sugere uma forma primitiva de memória, e ninguém sabe como ela realiza essa façanha
"Nunca deixa de me surpreender que eles possam usar essas contrações para fazer esse tipo de cálculo analógico, para integrar informações sem precisar de um cérebro. Que sua coordenação ocorra em todos os lugares ao mesmo tempo e em nenhum lugar em particular."
Uma rede ferroviária no Japão
Tudo isso significa que o "blob" é capaz, em termos humanos, de resolver problemas, fazer redes, navegar em sistemas e labirintos com uma eficiência incrível.
Há um estudo japonês icônico de 2010, quando o Physarum traçou a rede ferroviária da Grande Tóquio, e para isso precisou somente de uma pequena placa de Petri e um punhado de aveia.
Segundo os estudos, o Physarum adora aveia, é a sua comida preferida.
"Então, eles modelaram a área da Grande Tóquio colocando copos de aveia nos centros urbanos e depois o lançaram. Ao longo de algumas horas, havia formado uma rede eficiente que conectava os copos de aveia, e essa rede parecia muito com a rede de metrô existente na área da Grande Tóquio", detalha o estudo.
O Physarum havia estabelecido, em questão de horas, uma rede eficaz que levou décadas para ser feita na vida real.

Adaptação da ilustração do estudo do professor Toshiyuki Nakagaki sobre a criação e otimização de redes por parte do P. polycephalum.
O "blob" no universo
Após o estudo de Tóquio, experimentos com Physarum Polycephalum decolaram em todo o mundo, para projetar novas redes de transporte urbano ou encontrar rotas eficazes de evacuação de incêndio, até mesmo mapear a teia cósmica... o que parece estranho, mas ocorreu.
Uma equipe de cientistas fez uma simulação digital traçando as localizações das 37.000 galáxias conhecidas.
Então, um algoritmo inspirado no "blob", adaptado da placa de Petri para trabalhar em três dimensões, foi liberado em um banquete virtual onde as galáxias estavam representadas por pilhas de copos de aveia digital, por assim dizer.
A partir daí, o algoritmo produziu um mapa digital em 3D da teia cósmica subjacente, visualizando os fios em grande parte invisíveis de matéria que os astrofísicos acreditam que unem as galáxias do universo.
Eles compararam com dados do Telescópio Espacial Hubble, que detecta traços da teia cósmica, e descobriram que tudo combinava em grande parte.
fonte:
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62703311
Não tem cérebro, mas há cientistas que se perguntam se pode ser mais inteligente do que nós.
Esta criatura amarela de aparência viscosa, também conhecida como Physarum polycephalum, pode ser útil na tomada de decisões sobre questões tão diferentes quanto o uso de recursos naturais, política de imigração ou até mesmo as medidas antidrogas de um país.
Neste vídeo, nossa repórter Nathalia Passarinho fala sobre os "poderes" do incrível "blob".
Que tal começarmos com um teste rápido.
Você está perdido em uma enorme loja que parece um labirinto e não sabe como sair dela. A quem você pede ajuda?
Pergunta 2: Você está redigindo um documento de política para assessorar o governo dos Estados Unidos sobre como governar suas fronteiras nacionais. Onde você procura conselhos?
Última pergunta: Você precisa desenhar um mapa da teia cósmica, como você faz isso?
'Blob': a extraordinária criatura que nos obriga a questionar se somos a espécie mais inteligente
Becky Ripley e Emily Knight
BBC, série NatureBang *
31 agosto 2022

Existem, é claro, várias respostas para essas perguntas, mas em todos os casos você poderia ser inspirado por um organismo: o bolor limoso, que também pode ser conhecido por muitos nomes diferentes.
Sendo cientificamente preciso ele não é exatamente um bolor...
"O bolor é uma divisão do mundo dos fungos, mas o bolor limoso é na verdade um protista (não é um animal, planta ou fungo) - é essencialmente uma célula gigante", diz o biólogo Merlin Sheldrake, autor do livro Entangled Life, que aborda o tema.
O bolor limoso é um plasmódio, ou seja, uma célula que contém muitos núcleos. Então, ao contrário da maioria dos organismos unicelulares, você não precisa de um microscópio para vê-lo.
E essa única célula é capaz de tecer vastas redes exploratórias feitas de tentáculos semelhantes a veias que podem se estender até um metro.
A estrela entre todos
Existem cerca de 900 espécies de bolor limoso, mas vamos nos concentrar no Physarum Polycephalum, que literalmente quer dizer "bolor de várias cabeças". Ele também é conhecido como "blob" (referindo-se ao clássico filme de 1958 The Blob).

Clássico filme The Blob serviu de inspiração para nomear popularmente o bolor limoso
Por que os cientistas do mundo estão tão empolgados com essa espécie em particular?
"Ele se tornou um organismo emblemático de resolução de problemas. É fácil de cultivar e cresce rápido, o que é uma das razões pelas quais tem sido tão bem estudado", explica Sheldrake.
"Mas acima de tudo, seus comportamentos são extraordinários."
Ele pode fazer todos os tipos de coisas.
"Explorar, resolver problemas, adaptar-se a novas situações, tomar decisões entre cursos alternativos de ação - e tudo sem cérebro!"
Como ele faz isso?
"O Physarum é sensível ao gradiente químico, então pode crescer em direção a sinais químicos ou ficar longe dos pouco atraentes".
"Primeiro, ele tende a crescer em todas as direções ao mesmo tempo. E então, quando encontra comida, ele se retrai e forma as conexões entre suas fontes de alimento."
É um pouco como se você estivesse no deserto e precisasse procurar água. Você tem que escolher apenas uma direção para caminhar.
O Physarum Polycephalum pode "andar" em todas as direções ao mesmo tempo até encontrar alimentos; depois encolhe os ramos que não encontraram nada e fortalece os que encontraram, através de uma série de contrações químicas.

Em um experimento memorável, "blob" aprendeu a "ignorar" os químicos colocados para bloquear seu caminho para a comida. Esse comportamento sugere uma forma primitiva de memória, e ninguém sabe como ela realiza essa façanha
"Nunca deixa de me surpreender que eles possam usar essas contrações para fazer esse tipo de cálculo analógico, para integrar informações sem precisar de um cérebro. Que sua coordenação ocorra em todos os lugares ao mesmo tempo e em nenhum lugar em particular."
Uma rede ferroviária no Japão
Tudo isso significa que o "blob" é capaz, em termos humanos, de resolver problemas, fazer redes, navegar em sistemas e labirintos com uma eficiência incrível.
Há um estudo japonês icônico de 2010, quando o Physarum traçou a rede ferroviária da Grande Tóquio, e para isso precisou somente de uma pequena placa de Petri e um punhado de aveia.
Segundo os estudos, o Physarum adora aveia, é a sua comida preferida.
"Então, eles modelaram a área da Grande Tóquio colocando copos de aveia nos centros urbanos e depois o lançaram. Ao longo de algumas horas, havia formado uma rede eficiente que conectava os copos de aveia, e essa rede parecia muito com a rede de metrô existente na área da Grande Tóquio", detalha o estudo.
O Physarum havia estabelecido, em questão de horas, uma rede eficaz que levou décadas para ser feita na vida real.

Adaptação da ilustração do estudo do professor Toshiyuki Nakagaki sobre a criação e otimização de redes por parte do P. polycephalum.
O "blob" no universo
Após o estudo de Tóquio, experimentos com Physarum Polycephalum decolaram em todo o mundo, para projetar novas redes de transporte urbano ou encontrar rotas eficazes de evacuação de incêndio, até mesmo mapear a teia cósmica... o que parece estranho, mas ocorreu.
Uma equipe de cientistas fez uma simulação digital traçando as localizações das 37.000 galáxias conhecidas.
Então, um algoritmo inspirado no "blob", adaptado da placa de Petri para trabalhar em três dimensões, foi liberado em um banquete virtual onde as galáxias estavam representadas por pilhas de copos de aveia digital, por assim dizer.
A partir daí, o algoritmo produziu um mapa digital em 3D da teia cósmica subjacente, visualizando os fios em grande parte invisíveis de matéria que os astrofísicos acreditam que unem as galáxias do universo.
Eles compararam com dados do Telescópio Espacial Hubble, que detecta traços da teia cósmica, e descobriram que tudo combinava em grande parte.
fonte:
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62703311
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