Entrevista imaginária com Arquimedes
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Entrevista imaginária com Arquimedes
Têm aqui uma entrevista imaginária com um dos primeiros físicos da História da Humanidade: Arquimedes. É bastante divertida...
CH – Reparámos na placa que tem ali. Ainda está traumatizado pelo modo como morreu?
Arquimedes – O problema não foi morrer, mas sim ter sido interrompido a meio de um cálculo que nunca mais consegui resolver até hoje. Ainda lhe pedi que me matasse depois, mas parece que estava no horário de trabalho dele.
CH – O momento da sua morte está associado aos acontecimentos que marcaram o ataque dos romanos a Siracusa em 214 a. C. Pode contar-nos um pouco dessa história?
Arquimedes – Pois, os romanos tinham lá aquela mania do Mare Nostrum, achavam que tinham o direito de intervir em tudo o que era região que lhes fizesse frente, como era o caso, especialmente, de Cartago. Ora, a minha Siracusa natal pôs-se do lado dos cartagineses e os romanos mandaram um exército contra nós.
CH – Tendo em conta que a cidade se defendeu à custa dos seus inventos, quase se poderia dizer que mandaram um exército contra si.
Arquimedes – Sim, os pobres romanos tentaram atacar directamente a cidade, mas as minhas catapultas e os meus guindastes deram cabo deles.
CH – Para que serviam esses guindastes?
Arquimedes – Era muito simples: quando as galeras se aproximavam, o guindaste levantava-as pela proa, mergulhando-as pela popa. Também era possível baloiçá-las e despedaçá-las contra as rochas. O povo divertia-se muito, especialmente quando os tripulantes caíam desamparados na água.
CH – No entanto, os romanos acabaram por conquistar a cidade. O senhor foi morto nessa altura.
Arquimedes – Como, felizmente, não tinha nada para inventar naquele dia, resolvi começar a desenhar no chão uns problemas de geometria. Estava eu a tratar da minha vida, quando sinto alguém a correr na minha direcção. Como já anteriormente me tinham pisado cálculos e desenhos, pus-me aos gritos, exigindo que não passassem por cima. Sabia lá que estava a falar com um legionário com sede de sangue. Resumindo: há coisas que não se dizem a um homem armado.
CH – Esclarecida a questão da sua morte, podíamos recuar, agora, à sua juventude.
Arquimedes – Fídias, o meu pai, era astrónomo, pelo que terei herdado dele o gosto pela ciência. Quando jovem, fui estudar para Alexandria com os discípulos de Euclides, o que foi, naturalmente, marcante para a minha formação.
CH – Começou, então, uma vida dedicada à Matemática.
Arquimedes – Sim e fiz muita coisa nesse âmbito: criei uma notação para os números demasiado grandes, descobri um método para calcular o pi, concebi métodos gerais para calcular as áreas de figuras planas curvilíneas e os volumes de sólidos delimitados por superfícies curvas, etc. Infelizmente, não consegui dedicar-me unicamente à Matemática. A minha proximidade com Hierão II, rei de Siracusa, levou-me, muitas vezes, a aceder alguns pedidos que me dirigiu. Desse modo, acabei por conceber vários mecanismos que vieram a ser úteis, por exemplo, na defesa da cidade.
CH – É dessa proximidade com Hierão que nasce, aliás, a célebre história do “Eureka!”, quando descobriu a primeira lei da hidrostática.
Arquimedes – Pois, mas acho que é tempo de contar a verdadeira história.
CH – Venha ela, então!
Arquimedes – A verdade é que eu já sabia a solução para o problema que o meu rei me havia colocado. Resolvi, então, contra o que era costume, como sabe, tomar um banho. A falta de hábito a temperar a água fez com ficasse a ferver. Mal entrei no tanque, saí aos gritos, louco de dor com a queimadura. Quando dei por mim, estava na rua, completamente nu. Como não queria contar a verdadeira razão, fingi que estava entusiasmado com a descoberta.
CH – O senhor foi, então, o criador do estereótipo do cientista distraído.
Arquimedes – Está enganado. Eu não sou distraído; sou é demasiado concentrado.
CH – Morreu há mais de dois mil anos. Como se sente ao aperceber-se do seu legado?
Arquimedes - Quando as pessoas se lembram de que andei a correr nu pela rua ou de frases que terei dito ou quando o meu nome é referido por gente como Cícero ou Pascal, confesso que fico um bocadinho vaidoso. Se ainda hoje movo o mundo através da memória é porque a minha vida foi um bom ponto de apoio. Se me desse licença... Tenho de voltar aos meus cálculos, que o tempo não pára, mesmo depois da morte.
Fonte: CiênciaHoje
CH – Reparámos na placa que tem ali. Ainda está traumatizado pelo modo como morreu?
Arquimedes – O problema não foi morrer, mas sim ter sido interrompido a meio de um cálculo que nunca mais consegui resolver até hoje. Ainda lhe pedi que me matasse depois, mas parece que estava no horário de trabalho dele.
CH – O momento da sua morte está associado aos acontecimentos que marcaram o ataque dos romanos a Siracusa em 214 a. C. Pode contar-nos um pouco dessa história?
Arquimedes – Pois, os romanos tinham lá aquela mania do Mare Nostrum, achavam que tinham o direito de intervir em tudo o que era região que lhes fizesse frente, como era o caso, especialmente, de Cartago. Ora, a minha Siracusa natal pôs-se do lado dos cartagineses e os romanos mandaram um exército contra nós.
CH – Tendo em conta que a cidade se defendeu à custa dos seus inventos, quase se poderia dizer que mandaram um exército contra si.
Arquimedes – Sim, os pobres romanos tentaram atacar directamente a cidade, mas as minhas catapultas e os meus guindastes deram cabo deles.
CH – Para que serviam esses guindastes?
Arquimedes – Era muito simples: quando as galeras se aproximavam, o guindaste levantava-as pela proa, mergulhando-as pela popa. Também era possível baloiçá-las e despedaçá-las contra as rochas. O povo divertia-se muito, especialmente quando os tripulantes caíam desamparados na água.
CH – No entanto, os romanos acabaram por conquistar a cidade. O senhor foi morto nessa altura.
Arquimedes – Como, felizmente, não tinha nada para inventar naquele dia, resolvi começar a desenhar no chão uns problemas de geometria. Estava eu a tratar da minha vida, quando sinto alguém a correr na minha direcção. Como já anteriormente me tinham pisado cálculos e desenhos, pus-me aos gritos, exigindo que não passassem por cima. Sabia lá que estava a falar com um legionário com sede de sangue. Resumindo: há coisas que não se dizem a um homem armado.
CH – Esclarecida a questão da sua morte, podíamos recuar, agora, à sua juventude.
Arquimedes – Fídias, o meu pai, era astrónomo, pelo que terei herdado dele o gosto pela ciência. Quando jovem, fui estudar para Alexandria com os discípulos de Euclides, o que foi, naturalmente, marcante para a minha formação.
CH – Começou, então, uma vida dedicada à Matemática.
Arquimedes – Sim e fiz muita coisa nesse âmbito: criei uma notação para os números demasiado grandes, descobri um método para calcular o pi, concebi métodos gerais para calcular as áreas de figuras planas curvilíneas e os volumes de sólidos delimitados por superfícies curvas, etc. Infelizmente, não consegui dedicar-me unicamente à Matemática. A minha proximidade com Hierão II, rei de Siracusa, levou-me, muitas vezes, a aceder alguns pedidos que me dirigiu. Desse modo, acabei por conceber vários mecanismos que vieram a ser úteis, por exemplo, na defesa da cidade.
CH – É dessa proximidade com Hierão que nasce, aliás, a célebre história do “Eureka!”, quando descobriu a primeira lei da hidrostática.
Arquimedes – Pois, mas acho que é tempo de contar a verdadeira história.
CH – Venha ela, então!
Arquimedes – A verdade é que eu já sabia a solução para o problema que o meu rei me havia colocado. Resolvi, então, contra o que era costume, como sabe, tomar um banho. A falta de hábito a temperar a água fez com ficasse a ferver. Mal entrei no tanque, saí aos gritos, louco de dor com a queimadura. Quando dei por mim, estava na rua, completamente nu. Como não queria contar a verdadeira razão, fingi que estava entusiasmado com a descoberta.
CH – O senhor foi, então, o criador do estereótipo do cientista distraído.
Arquimedes – Está enganado. Eu não sou distraído; sou é demasiado concentrado.
CH – Morreu há mais de dois mil anos. Como se sente ao aperceber-se do seu legado?
Arquimedes - Quando as pessoas se lembram de que andei a correr nu pela rua ou de frases que terei dito ou quando o meu nome é referido por gente como Cícero ou Pascal, confesso que fico um bocadinho vaidoso. Se ainda hoje movo o mundo através da memória é porque a minha vida foi um bom ponto de apoio. Se me desse licença... Tenho de voltar aos meus cálculos, que o tempo não pára, mesmo depois da morte.
Fonte: CiênciaHoje
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Re: Entrevista imaginária com Arquimedes
Rindo até agora com a frase:
"CH – O senhor foi, então, o criador do estereótipo do cientista distraído.
Arquimedes – Está enganado. Eu não sou distraído; sou é demasiado concentrado."
Boa entrevista, pena que é fictícia.
"CH – O senhor foi, então, o criador do estereótipo do cientista distraído.
Arquimedes – Está enganado. Eu não sou distraído; sou é demasiado concentrado."
Boa entrevista, pena que é fictícia.
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Re: Entrevista imaginária com Arquimedes
Eu gostei da última parte:
"Arquimedes - Quando as pessoas se lembram de que andei a correr nu pela rua ou de frases que terei dito ou quando o meu nome é referido por gente como Cícero ou Pascal, confesso que fico um bocadinho vaidoso. Se ainda hoje movo o mundo através da memória é porque a minha vida foi um bom ponto de apoio. Se me desse licença... Tenho de voltar aos meus cálculos, que o tempo não pára, mesmo depois da morte."
Mesmo depois de morto, continua a trabalhar... :lol:
"Arquimedes - Quando as pessoas se lembram de que andei a correr nu pela rua ou de frases que terei dito ou quando o meu nome é referido por gente como Cícero ou Pascal, confesso que fico um bocadinho vaidoso. Se ainda hoje movo o mundo através da memória é porque a minha vida foi um bom ponto de apoio. Se me desse licença... Tenho de voltar aos meus cálculos, que o tempo não pára, mesmo depois da morte."
Mesmo depois de morto, continua a trabalhar... :lol:
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Re: Entrevista imaginária com Arquimedes
Certamente estes físicos todos que não se fazem presente entre nós continuam a trabalhar.
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Re: Entrevista imaginária com Arquimedes
Eu pessoalmente gostei mais desta...CH – É dessa proximidade com Hierão que nasce, aliás, a célebre história do “Eureka!”, quando descobriu a primeira lei da hidrostática.
Arquimedes – Pois, mas acho que é tempo de contar a verdadeira história.
CH – Venha ela, então!
Arquimedes – A verdade é que eu já sabia a solução para o problema que o meu rei me havia colocado. Resolvi, então, contra o que era costume, como sabe, tomar um banho. A falta de hábito a temperar a água fez com ficasse a ferver. Mal entrei no tanque, saí aos gritos, louco de dor com a queimadura. Quando dei por mim, estava na rua, completamente nu. Como não queria contar a verdadeira razão, fingi que estava entusiasmado com a descoberta.
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