Físicos do CERN tiveram anti-matéria «nas mãos»

Captura de anti-hidrogénio pode permitir melhor compreensão do Universo

Físicos do Centro Europeu de Investigação Nuclear (CERN) conseguiram, pela primeira vez, aprisionar anti-matéria, embora apenas durante um décimo de segundo. A equipa internacional que trabalha na experiência ALPHA capturou 38 átomos de anti-hidrogénio e, embora tenha sido por muito pouco tempo, foi o suficiente para poderem ser estudados e haver uma melhor compreensão sobre a origem do Universo.

A existência de anti-matéria foi prevista em 1931 pelo físico inglês Paul Dirac. Trata-se de uma matéria “espelho” daquela que é conhecida no Universo. As antipartículas são idênticas às partículas que lhes correspondem, mas têm uma carga eléctrica inversa. A anti-matéria anula-se ao entrar em contacto com matéria, pelo que é quase impossível observá-la.

"Por razões que ninguém compreende ainda, a natureza eliminou a antimatéria. Por isso é muito gratificante e até algo assustador olhar para o ALPHA e verificar que contém átomos estáveis de antimatéria", disse Jeffrey Hangst, da Universidade de Aarhus (Dinamarca) e porta-voz da colaboração ALPHA.

De acordo com o estudo publicado na revista “Nature”, no decorrer da experiência ALPHA foi possível recolher, ainda que por um décimo de segundo, anti-matéria, o que será primordial para a sua investigação.

Os investigadores vão fazer medições para perceber se pequenas diferenças nas propriedades da matéria e da anti-matéria poderão explicar a razão pela qual a antimatéria desapareceu e comprovar alguns princípios da física, antes impossíveis de serem compreendidos.

Já em 1995, físicos do CERN conseguiram produzir anti-matéria, mas esta desapareceu de imediato, pelo que não foi possível estudá-la.

Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=46106&op=all