Copa do Mundo de 1970

Reconstituição das cenas de abertura da TV mexicana, com auxílio exclusivo da nossa memória.



Não se trata de saudosismo, mas resgate de parte da História das Telecomunicações.
Para nós, afeiçoados pela tecnologia, foi um fato impactante.

Até 1966, as Copas Mundiais Europeias eram ouvidas na América pelas sofríveis transmissões em ondas curtas ou telefone via cabo submarino. As imagens dos jogos chegavam aos jornais por Radiofotos. Cenas dos jogos só eram vistas através do cinema, com semanas de atraso do fato.

A excepção foi a Copa de 1962, no Chile, por ocasião do Bicampeonato Brasileiro. Foi possível assistir a todos os jogos pela TV, com apenas um dia de atraso. Já havia as fitas de video-tape das reportagens esportivas, as quais eram transportadas de avião do Chile para o Brasil.

Nesse ínterim, os EUA lançam o satélite Telstar, o qual permitiu ligar a TV americana à Eurovisão.

Em 1966, a Copa da Inglaterra foi vista no Brasil somente através de filmes de cinema, pois o padrão de gravação dos videotapes ingleses não batia com o padrão de TV adotado no Brasil.

Na época circulou uma anedota portuguesa que não agradou em nada aos brasileiros:
"Fomos à Inglaterra para ver Pelé e acabamos a ver Eusébio !  "

Em 1969, o Brasil adere ao sistema de telecomunicações via satélites do Consórcio Intelsat. Para tanto, uma gigantesca antena rastreadora de satélites foi construída no Rio de Janeiro. Do Rio, o sinal de TV era distribuído a todo o território nacional pela recém-instalada Rede Brasileira de Microondas.

Nesse memorável ano, já foi possível ouvir transmissões de rádio da Europa, em tempo real com som local, sem chiados, desvanecimentos ou interferências. Neste mesmo ano de 1969, o campeonato de futebol da Costa do Sol na Espanha, pode ser ouvido no Brasil através da Rádio Joven Pan, para regozijo dos torcedores corinthianos.

Em 1970, o Brasil e quase o mundo inteiro puderam assistir a Copa do México pela TV, em tempo real, e, para alguns povos privilegiados, recebida em cores.